quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Dias felizes

Ele me levava pra pescar, mas antes eu o ajudava a pegar as minhocas e acomodá-las em latas de massa de tomate.
Ele pedia silêncio pra pescar, então eu ficava quietinha com minha vara na água esperando algum peixe beliscar.
Eu mesma colocava a minhoca no anzol pra ele não achar que eu era mulherzinha.
Eu era craque em pegar lambaris espertinhos e minúsculos.
Era eu quem tirava os peixes do meu anzol e colocava no covo, ele só olhava com o canto do olho.
Quando fisgava um bagre chorão ele vinha correndo me ajudar, porque o danado corta se colocar a mão.
E me salvava do peixe malvado com seu canivete poderoso.
Umas 10 hs da manhã a gente já estava com fome e ele sacava um pão com mortadela.
Aproveitava pra me ensinar a não deixar lixo na beira do rio e depois recomeçava a pescaria.
Eu torcia prum peixão beliscar o anzol dele, porque ele adorava uma boa briga.
Nessas ocasiões sempre tinha mais gente, mas parecia que éramos só nós dois.
Porque só eu levava o silêncio e os peixes a sério como ele, só eu conseguia fisgar os mini-lambaris, só eu colocava a minhoca direitinho no anzol, dispensava o cuzinho e deixava a cabeça na ponta.
Nessas ocasiões eu era o orgulho do papai e esses eram meus dias mais felizes.

2 comentários:

Mariana P. disse...

agora eles só querem falar sobre os ataques de pitbull.

perdemos nossos heróis, baby.

flávia coelho disse...

hehehehe