segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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O que você quer? Sei que tem estado aqui diariamente, apesar de nunca falar comigo. Sei que olha e lê o que pode, mas nem tudo está escrito. As respostas são instáveis como um menino mimado, ainda que pudesse dá-las.
Eu estou aqui, você finge que não está. Eu sei que está e finjo que não sei, afinal o que poderia te dizer? Posso talvez dizer que essa busca é cansativa demais, envelhece demais. Se ousasse te dar um conselho ou se ousasse me pedir um. Ouso dizer que não venha mais. Se não puder evitar, fale comigo.
Você tem vindo diariamente e sei que não encontrou nada. Você tem ido ao lugar errado, não é aqui que a vida acontece.

As campanhas rolam soltas

Hoje vi no metrô, o maior veículo de propaganda do Serra, que a SP Escola de Teatro vai dar 100 bolsas de estudos no valor de R$525,00, entre outros gastos bem maiores. A bolsa PIBIC/CNPQ paga aos estudantes/pesquisadores da Universidade Estadual Paulista e de outras universidades R$300,00 para que façam sua iniciação científica. A FAPESP paga cerca de R$ 420,00 com o mesmo objetivo: fomentar a pesquisa científica no Brasil. Nada contra as bolsas para estudar teatro! Mas e o estudo e a pesquisa na universidade?

Falando em Serra, na semana passada fui me apresentar com o IAdança na ETEC de artes, no Parque da Juventude. O prédio é lindo e enorme, o palco é no pátio e o telhado é de vidro. Aparentemente é uma bela escola. Quando chegamos com as câmeras e tal, nos avisaram que não podíamos tirar fotos do prédio e de suas instalações, porque será? Temos cara de petista? Caso é que não queríamos mesmo fotografar a escola e fomos liberados para nos fotografar a vontade.

Pra não dizer que não falei das flores... Que é esse filme do Lula agora? Ninguém fica nem vermelho ao dizer que o filme foi feito nesse momento porque trata de uma boa história, que a história vale a pena ser contada, etc. Qualquer semelhança com fatos reais será mera coincidência.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

eu,

eu, pombinha branca, vim dos bairros de operários e trabalhadores rurais,
bairros de periferia e casas populares da Vila Maria
concebida e nascida prematuramente, como algo inevitável
aceita e criada conforme a regra

pequena se comparada ao mundo e intensamente interessada por ele e seus espaços
seus sons, seu vocabulário
pequena e ainda menor a medida que conhecia meus lugares no mundo
minhas vozes/ outras vozes

o que eu via não conferia com o que ouvia
o que eu fazia não correspondia ao que eu pensava
e tampouco eu pensava sempre o mesmo
isso eu percebi no calor das horas

o que aconteceu a seguir foi um acidente
não se sabe como ou porquê, nem as causas dos efeitos
as vozes dissonaram e eu falei, ainda falo, inverdades e dúvidas
e continuo no mundo que leio a cada dia de modo diferente e ainda tão igual.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

quando apaga a luz

Quando acaba a luz eu fico ensaiando sobre a cegueira também.
Da segurança de um lar, ouço as reações barulhentas a uma situação estranha. É estranho faltar luz numa cidade como São Paulo. É ainda mais estranho o barulho de vozes humanas, buzinas e sirenes (na verdade as vozes humanas são estranhas). Concluo que é perigoso faltar luz e meu coração dispara ao ouvir vozes vindas do corredor. As vozes estão exaltadas e, da segurança precária do lar, não sei se acontece uma invasão ou se acontece de as pessoas terem de subir de escada para suas casas. Quase de faca em punho, a única arma possível nessa casa, chego à porta e me certifico de que sobem as escadas.
Uso a única tecnologia ainda disponível e ligo pra saber se falta luz em outros pontos, se alguém sabe porque acabou a luz, se está tudo bem. Parece que está tudo bem.
Olho pela janela e os carros estão em conflito explícito com os pedestres e entre si mesmos. As sirenes em conflito com todos. Eu vejo da janela e penso se seria o caso de descer e saber de perto o que acontece na rua, o porquê do tumulto. Penso.

As luzes
Penso que as luzes não são feitas apenas para ver melhor. Penso que às vezes devemos apagar as luzes, desligar os disjuntores e vagar. Vejo pior com tantos refletores no caminho.
Não sei e o não saber é um saber, ou pode ser. Às vezes penso que sei e esse saber me apresenta o caminho. Penso esquecendo o caminho e encontro um outro menos medroso e menos determinado pelas condições de tempo, espaço e iluminação.

As velas
Se acendem depois de muito tempo. A vela é uma luz carregável que ilumina o necessário: o fogão, a mesa, o jantar, o companheiro, o chuveiro. Ilumina algumas janelas lá fora, só algumas. Não dá pra ver o caminho inteiro e tenho que imaginar o resto. Imagino.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Balanços

Nas duas últimas semanas participei de dois eventos, o Engrupedança e o CIC. O Engrupe é um encontro de pesquisadores em dança e o CIC é um congresso de iniciação científica da UNESP. Nos dois encontros o assunto era a pesquisa, claro.
No CIC, tínhamos pesquisadores da área de humanas, entre eles os artistas (nós). Como vocês fazem pesquisa? Sempre quis conhecer alguém de artes!Interessante que os artistas ainda são vistos como seres diferentes onde não se está acostumado a vê-los.
O Engrupe já tinha outra pegada, só artistas. Muitos do teatro e da dança e alguns de outras artes. O diálogo é muito mais fácil e muitas coisas se repetem.
No CIC encontrei algumas pessoas que nem imaginava encontrar naquele lugar. Encontrei também pessoas do Instituto de Artes que não conhecia. Foi bom.
Na minha apresentação de trabalho no CIC parecia que falava uma outra língua. As pessoas arregalaram os olhos, ou fecharam os olhos. Na minha sala não tinha ninguém da arte.

Nessa semana teremos o Encontro de Estudos Teatrais, no IA Unesp, cujo tema é Dramaturgia: as tessituras da cena, entre os dias 11 e 13 de novembro. A programação já está no site do IA. Os encontros acontecem das 9 às 12 hs e das 14 às 17 hs.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Engrupedança Rio







Juro que não fiquei só na praia!