segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

triste trama, tudo tanto

senta aqui conta pra mim que tristeza é essa
vou te tocar nonde dói, mas não se habitua à tristeza meu bem
não acostuma não que não te quero tristonha
bota essa tristezinha aqui no colo que dou uns tapas nela
dou uns tapas em você também pra ficar brava e esquecer de se entristecer
tudo dói e não presta nada doer, dor passa e tempo também passa
tempo não volta sabe?
bobagem bobagem tempo de tristeza e alegria é infinito
mas entende o que te digo?
tempo de alegria também é infinito
ô se é, bota isso na sua cabecinha
alegria não é boba não

pega minha mão palma quente
pode pôr no peito
põe palma com palma
bochecha com bochecha
coxa com coxa
sexo com sexo
pega minha mão e leva à boca, beija
me devolve quente
respira aqui no meu pescoço
isso te alegra?

se eu te entristeço te deixo, eu também triste
tateio transo tramo chamo, mas deixo
choro, mas deixo
demoro, mas deixo

ó, enquanto isso deita aqui no meu peito
na barriga na bunda onde quer que te divirta
deixa seus dedos escorregarem em espiral
recorta uns pedaços meus
trama qualquer coisa
trinca um hematoma

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

perdidos

registre-se neste documento cabeça perdida nos últimos dias. do sexto ao décimo quarto dia do mês corrente (data aproximada) a escrevente percebeu que havia algo estranho, uma ausência. ao final do referido período, notou que faltava-lhe a cabeça. após breve investigação, foi constatada a efetiva ausência desta que é uma das partes mais importantes do corpo humano. mesmo prejudicada pela falta de tão importante órgão, a escrevente procurou saber onde encontrava-se a cabeça perdida. lembrou-se que seus últimos pensamentos tinham se fixado em determinada e conhecida pessoa. seguindo as pistas dadas pelos seus pensamentos, estranhamente registrados em outras partes do corpo, pôde concluir que sua cabeça estava de fato na outra pessoa. tendo sido conhecido o destino da cabeça da escrevente, a mesma achou por bem não contrariar a vontade de cabeça tão pouco dada a deslocamentos. assim sendo, a vítima opta pelo empréstimo irrestrito de seus pensamentos a tal pessoa, abrindo mão de quaisquer punições pelo sequestro involuntário de sua cabeça. a escrevente declara concordar plenamente com o rapto, ressalvando-se situação em que haja falta de interesse por parte da outra pessoa. em caso de desinteresse, a cabeça deverá ser devolvida com ou sem danos.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

convicta

arranco os pelos e isso dói, mas não me preocupa não.
preocupo-me com os porquês, como ter uma estante cheia e nunca pegar um livro.
ou quase nunca. corro os olhos pelas coisas que estão em desuso.
vejo os cinco cadernos cheios de folhas brancas e amareladas. pilhas de canetas e ideias bobas.
me apego ao que é mais concreto: os pelos. não os pelos em si, mas arrancá-los. no fim, são tão inúteis quanto os cadernos vazios.
desligar a internet e enrolar um cigarro, fumar esse cigarro e então abrir um livro.
ainda assim, as coisas em si não interessam mais. lavar a roupa ou escrever um poema, qual a diferença?
se faço tudo com um tanto suficiente de desatenção.
ando determinada a valorizar as mais pequenas coisas, quanto menor mais importante. afinal, é nas pequenas coisas... é nos pequenos frascos...
deixá-los ou arrancá-los importa menos do que a convicção com que o faço.
ontem elogiaram meu boquete e eu não me esforcei.
assim sendo, resolvo me tornar uma extirpadora de maus hábitos, também conhecidos como bons. aqueles que nos levam a ser sensatos.
abro mão de uma campanha e me engajo em outra com a mesma emoção com que ensinava noutro dia.
não sei bem o que é agora. se ler, escrever, ou só sair da internet. cortar as unhas, ser feliz, ou tomar uma cerveja.
tenho plena convicção disso.

domingo, 1 de setembro de 2013

microconto

eram três cadelas salsicha: bianca, medéia e shiva (a destruidora)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

assunto: desencontro

o que você acha da gente se desencontrar qualquer dia desses? não precisa ser nada como um café, ou um drinque, que me parecem muito comprometedores. a gente podia se desencontrar na rua, ou no trabalho, sem encanto. se conseguíssemos nos desencontrar seria tudo bem simples, ninguém esperaria nada e alguma coisa seria possível. topa?

ps: nossos últimos desencontros foram promissores

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

como ser feliz num apartamento em perdizes?

a hora que eu acordei ouvi um silêncio chato que se tornava mais evidente com os sons de descarga do apartamento de cima. logo ia começar o toc-toc apressado da vizinha que, aparentemente, estava sempre atrasada pro trabalho. o sol batendo na janela de alumínio que eu detesto. abri a janela e o sol bateu na minha cara. do lado de fora, os carros começam a sair das garagens subterrâneas. me lembram formigas saindo do buraco pra buscar folhas e farelos. os barulhos da manhã. som de motores. interruptores. bocejo de criança. chaves girando nas fechaduras. xícaras. acorda amor, tá o maior sol. não sei como você consegue dormir assim. ele bufa e se enrola mais no edredom. sempre fico em dúvida se tento de novo, sempre resolvo que não. o melhor despertador era o café. um espreguiçar comprido de boca aberta.
vestir os chinelos e começar o dia. ficar feliz com o sol.

terça-feira, 23 de julho de 2013

- me vê um suco de melancolia
- suco de melancia?
- pode ser

terça-feira, 16 de julho de 2013

os pés

onde colocar meus pés
nunca soube onde colocá-los
dedos pulando além, as unhas querendo cravar o chão
dedos de papagaio pés de macaco vivos demais
sujos de terra vermelha sob os tapetes brancos, dentro de sapatos finos a joanete
a poeira por fora e por dentro da sandália
e eu pelada desconcertada em cima dos pés bobos em saltos altos
saltitante e falante pelos tornozelos
- esconder guardar os pés curiosos, fazer as unhas de novo

pisar o chão de asfalto quente, queimar as solas
molhar os pés na sarjeta
enfiar os dedos na lama e esfregar na areia afundando
andar correr escondido
usar os tênis
fazer as unhas de novo
guardar os pés

sábado, 6 de julho de 2013

feliz aniversário, dani

hoje acordo com o interfone - bom dia flávia, chegou um sedex pra você e um pro daniel, vou aí entregar. abro a porta pra receber os sedexs, o jornal e - chegou a revista do daniel também.
esse "chegou a revista do daniel também"... tomei café e li o jornal do daniel, tirei fora os cadernos de imóveis, automóveis, páginas e mais páginas de pura publicidade, dobrei o jornal e guardei pra quando ele voltar.
fui almoçar - tá sozinha hoje? tá todo mundo passeando? respondi que não sabia de todos.
ontem a noite - o daniel foi pra onde? vai passar o niver lá? porque você não foi pro rio também? não sei porque não fui... não somos colados e ele deve querer ficar um pouco longe de mim.
ontem a noite mais cedo - o daniel foi que horas? quando ele volta?
ontem a tarde - gatinha, me passa o cel do dani?
ontem a tarde, sms do daniel no caminho - capim do vale vara de goiabeira na beira do rio, paro para me benzer. mãe d'água sai um pouquinho desse seu leito ninho que eu tenho um carinho para lhe fazer...

as revistas e os jornais do daniel, as plantas, os horários, os trabalhos, os móveis, as roupas, os livros, os amigos, as listas, os links, os postits, os filmes, as músicas, as contas, as compras, as evasivas, as transas, as risadas, os olhos espremidos, os pigarros, os dentes, as nádegas, as palavras. o que é do daniel? um universo de coisas semi(e)concretas, coladas (mas não fixadas) numa certa organização. um mural semi público de manias, obsessões, belezas, tristezas, delícias e ideias. um principiante agitar de bandeira. uma concha. uns suspiros incertos. umas onomatopéias.
me pergunto se perguntam tanto de mim pra ele. me pergunto se a influênciação dele é visível pros outros. me pergunto se é visível pra ele.
me sinto sortuda, porque apesar de não transarmos um com o outro, ou justamente por isso, temos uma bela história de amor. eu tenho, pelo menos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

trato

eu não gostaria de devorar você. não desejo mastigar o que existir como um pitbull. não espero que me faça voar, mesmo que as asas teimem em bater. não vou te gravar na pele feito tatuagem, nem carregar seu peso em minhas costas. não seja o meu ar, nem minha comida, não seja água pra minha boca sedenta. não quero me fundir com você, nem caminhar de mãos dadas como fazem por aí. não quero almas geminadas.
não quero o amontoado de cacarecos que eu costumava carregar e chamar de sacrifício. nem vir a chamar o sacrifício de amor. sequer quero entender o que seja amor.
o que eu gostaria é de te conhecer.

terça-feira, 21 de maio de 2013

ira uterina

numa regra atrapalhada
noutra distraída

numa hora depressiva
noutra raivosa

num dia gulosa
no outro dolorida

às vezes desprevenida
outras despirocada

o de sempre é o sangue, o esperado
o desejado e odiado
sangue, sangue!
zerando os placares pra iniciar uma nova partida


terça-feira, 7 de maio de 2013

fotografia e dor

teve uma vez que fiz um retrato a partir de uma fotografia. a foto era referência e presença do retratado, que estava viajando. não era uma fotografia que eu gostasse, mas era a preferida dele. passei horas olhando pra imagem capturada e tentando não apenas reproduzi-la, mas colocar ali o que eu via e era tão diferente. eu amava, achava que um clique era pouco pra contar tudo que eu conhecia de experiência vivida. o meu retrato era um presente pra ser entregue na volta.
não foi fácil trabalhar na presença dos olhos penetrantes e duros da fotografia, expressavam um desprezo imenso pelo que eu fazia. a luz era quente, bonita. o enquadramento franco. era uma bela foto. o problema não era a foto, eram os olhos frios que saltavam dela e os lábios cerrados que pareciam descaracterizar a pessoa que eu conhecia. a foto era anterior ao nosso encontro. eu queria, apesar de todas as dificuldades técnicas, superar a fotografia.
passei o dia desenhando, pintando, sofrendo. no fim do dia, o trabalho mais ou menos definido, faltava só um acabamento que ficaria pro dia seguinte. não lembro direito, mas parece que estava satisfeita com as diferenças entre a fotografia e a pintura. a incapacidade técnica parecia superada pelos sentimentos que envolviam a minha ação.
semi-satisfeita fui pra cama, a cabeça cheia de várias camadas de imagens que eu tinha tentado desvendar o dia todo. revirando sem sono, agitada pela novidade, mandei um sms de boa noite pro retratado. não contei sobre o retrato, que seria surpresa. recebi uma resposta logo depois, na qual meu amor falava da saudade, do tanto que amava... outra pessoa. ele confundiu meu sms com o de outra mulher e trocou as respostas.
várias ligações, minutos e reais depois, eu tinha esclarecido tudo entre nós três. ela também ficou sabendo qual era a real situação e quem era eu. eu tinha prometido pra ele (com um certo alívio) que o esperaria voltar antes de fazer as malas, picar a mula, ou chutar o pau da barraca. também ouvi juras de amor eterno que sei que, nesse momento, ela não ouviu. de certa forma, na medida do possível, acalmei o ciúme e a raiva durante o processo de torturar a menina (que era totalmente inocente na história).
com o problema da posse resolvido e esclarecido, sobrou o retrato.

o fdp do retrato. não resisti e fui olhar pra ele, pra ver o que tava dando errado na minha história. tava ficando bonito. eu tinha passado o dia todo em cima dele e não era tão ruim. a foto original tava por perto e eu olhava os dois, comparando.
percebi que não era a qualidade do meu trabalho diante da imagem fotográfica que eu comparava, mas a realidade das duas coisas. não havia nenhuma dúvida de que a foto tinha conseguido capturar uma essência que eu não pude. tudo que eu via com o olho da emoção, era excluído da fotografia. era realmente uma dessas fotos incríveis que captam a profundeza da pessoa. eu que via errado e meu retrato deixou isso bem claro.
diante da exacerbação das minhas ilusões em formas e cores, confirmada pelo uso mal calculado da tecnologia celular, tive um momento de ira. um ódio imenso da fotografia e do que eu tinha feito a partir dela. foi insuportável ver a mim mesma no retrato pintado. num acesso de dorian gray, esfaqueei a tela úmida. no livro do oscar wilde é o próprio retratado que, não suportando mais a representação da sua beleza e juventude, mata a obra e a si mesmo. diferente do pintor do romance, eu matei o que era meu no retrato, antes que qualquer pessoa o tivesse visto.
de certa forma, o assassinato daquelas ilusões trouxe a morte de outras tantas que nem ali estavam. levou um bom tempo até tudo que nos ligava morresse de vez, mas morreu.

essa história nunca foi contada, o que é raro pra mim. porque lembrei dela agora? não sei.
acho que era alguma coisa entre o que uma fotografia pode revelar e o que a emoção pode confundir. meu desagrado com a foto era porque ela insistia em desfazer o que eu imaginava e construía, mas isso eu só tive certeza ao rasgar o retrato que eu fiz. a foto era belíssima, justamente por denunciar a força destruidora daquela beleza num clique. eu nunca seria capaz disso.
o retrato que eu pintei não dizia respeito ao modelo, era sobre mim e só. era uma tentativa de escravizar o retratado na minha moldura.
a título de conclusão: 1) representar o que a gente ama pode ser gostoso, mas dificilmente vira obra de arte; 2) a beleza da obra de arte dói; 3) um sms pode ser tão revelador quanto uma fotografia.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

- a gente se fala

não era isso que eu ia dizer
as unhas se gastaram no atrito com a palma da mão
eu queria contar o que aconteceu enquanto você estava
ou sobre os pelos e cabelos que ficaram na cama e guardei
te falar porque não sei ser delicada
que tenho medo de ser esquecida
e que mordo meus próprios dentes
ou podia descrever o que aconteceu quando desci sonolenta da cama:
que os pés fincaram no mesmo chão, mas não tinha chão

mas eu disse: bom dia a gente se fala
um grunhido saiu querendo dizer o resto
e um abraço atrapalhado
(desculpa?)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ui

a emoção é aquele trem que chega que nem loco pra te atropelar quando vc desce aos trilhos só pra pegar a bolsa

tipo esse

terça-feira, 9 de abril de 2013

a conta, por favor

entraram, sentaram e se puseram a falar em voz alta diante de mim
tentei dizer uma coisa, aparentemente sem importância, pois não me deram ouvidos
fiquei ouvindo, incomodada pelo som das vozes altas demais pra mim
me fizeram uma pergunta à qual respondi prontamente até ser interrompida
consegui dizer pouco, mas parece que o tema não os interessava (apesar de terem perguntado)
continuei ouvindo, porque estavam diante de mim, sentados nas minhas cadeiras e assim manda a boa educação
ofereci jantar, aceitaram
ofereci café, aceitaram
água, aceitaram
levei-os pra passear, aceitaram
animada pelos acontecimentos, pedi uma cerveja e comecei mais um assunto
aparentemente eu não era especialista, ou era meio cismada
parece que sou um pouco exagerada também
fato é que tinham mais a falar do que a ouvir de mim
pedi mais uma cerveja
me ofereci pra pagar a maior parte da conta, aceitaram porque eu tinha bebido mais
ufa
pelo menos posso pagar a conta sem discutir


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

alminha

noutro dia fiz anos e ganhei uma alminha. não foi uma alma qualquer, foi uma al(minha).
alma parece ser uma coisa grande né? a minha coube na palma da mão e fiquei muito tempo olhando pra ela.
quis encontrar uma concha pra minha alminha. caixa não serve, gaveta não, estojo tampouco.
não tenho uma concha.
na falta da concha, minha alminha está exposta. temporariamente aninhada entre uma e outra pilha de livros não lidos.
fico muito tempo olhando pra ela.
parece que ela quer me contar alguma coisa, ou eu gostaria de lhe dizer que faça isso e aquilo.
ainda não falamos nada. e eu tenho dito tantas bobagens, tenho me repetido tanto, que não tenho coragem.
talvez nunca tenha.
tenho medo que minha alminha mude, tenho medo de colocar um acessório inútil que disfarce a ausência de concha, tenho medo de tirar o que a faz ser minha alminha.
tenho olhado pra ela todos os dias, apesar de ser tão pequenininha entre as coisas da estante, tomou todo o espaço do quarto

sábado, 9 de fevereiro de 2013

o sentido do carnaval

eu te levaria pela mão e ia te mostrar que esse negócio que dizem que já morreu (o sentido do carnaval) tá por aí. imagino que se você acreditasse no carnaval seria mais simples olhar pra você sem sorrir, andar de cavalinho, beijar sua nuca, correr dando risada, pular em cima da cama, te mostrar as batidas do meu coração. é difícil convencer alguém oferecendo tão pouco, eu sei. pra você acreditar no carnaval, teria que acreditar que as coisas não têm um sentido único. teria que achar que nada é mais bonito que um espasmo. você teria que querer esquecer que tipo de sujeito acredita que é. você teria que conhecer e amar a inutilidade de uma ação. as inutilidades são fundamentais, ou não são? se você aceitasse o carnaval, a gente poderia fazer o que temos evitado por pura falta de lógica. se você amasse o carnaval como eu, colocaria sua cabeça no meu colo e beijaria minha barriga só pra ouvir o estalo. riríamos juntos de nada especial. não seríamos mais irônicos publicamente e talvez fôssemos mais felizes. se você quisesse, teríamos até terça-feira pra tentar.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

não lembro de quando é esse texto

tempo silêncio
mesmo que o tempo e o silêncio sejam pequenos

ar, quando nada acontece
às vezes um balão incha de cor algum pedaço de ar
eventualmente o tempo se colore, mas basta um estouro
puf, sem cor, sem pedaço, nada

há pouco tempo me via num tumulto emaranhado de vontades
há pouco tempo me via cheia de novidades
sapatos coloridos, poças d’água
mijo

agora gostaria de silêncio
de estouro e ausência
o tumulto está cheio de pretextos que se acumularam de tal forma
que tornaram tudo bobo, infantil

filhos, amigos, família, profissão, crença
manias, álcool e outras drogas
super heroísmo e sexo
bondade

não adianta mais rasgar a pele, nem gritar
agora só o ar e o silêncio

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

menino

chamado menino
- vem cá menino
menino indo, menino sendo
o olho do menino é reto, a mão branca, o cheiro é água e sal
o gosto de clara, o sorriso sem mágoa
o menino vai sendo menino
chama chega chupa chove chapa
canta clareia caçoa
cita, solta
uma lagriminha
menino ainda, sendo chamado menino
- você desiste?
- nunca