terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

memória, britadeiras e relatório

Faz uma semana que a minha memória anda péssima. Se não bastasse não consigo pensar e falar ao mesmo tempo, perco o fio do discurso. Algo como se eu estivesse chapada o dia inteiro. Ontem tive que me esforçar pra conseguir fazer os comentários que gostaria no estágio do Tablado, fiquei anotando quase tudo que queria dizer. Será a tpm, esta maldita?

Outra possível explicação para meus problemas de memória é a filha da p#*@+$ da britadeira que tem me acordado às 8 da manhã desde o sábado de carnaval. É a sabesp trabalhando por mim, assim dizem os uniformes azuis. Duvido que eu tenha algum benefício no final dessa obra desgraçada de britadeiras e retroescavadeiras. Dá pra ser feliz com esse despertador? Obrigada sabesp.

Ah... meu relatório parcial da bolsa está praticamente pronto e, pasmem, um mês antes do prazo! Agora faltam alguns detalhes bobinhos, moleza. Espero que eu consiga fazer essa molezinha com minha atual falta de cérebro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Felizes para sempre ou como eles se conheceram ou nóis capota mai num breca

A menina tinha uns 23 anos, loura de cabelos ora encaracolados, ora alisados. Chegou no seu traje algo anos 60 ou 70, mais pra 70. Combinou uma calça genérica com uma blusa estampada que lembrava passado, plataformas e um óculos emprestado em formato de coração vermelho. O figurino era obrigatório: anos 60 ou 70. Ela não estava nem uma coisa nem outra, mas enganava.
Veio de carona com um colega, tinha bebido uma caipirinha antes de sair de casa, enquanto se arrumava. No carro, falava um pouco mais alto que o necessário. Ela estava sempre um pouco além do necessário. Falava de como estava conhecendo a cidade, do trabalho, do cansaço e também do ritmo acelerado. O ritmo da cidade atiçava sua agressividade e ela falava mais rápido, gesticulava e batia nas pessoas, nas coisas. Ela se espalhava pelo carro, seus sons e risadas batiam nos vidros fechados. O amigo parou para comprar uma cerveja na loja de conveniência. Compraram e foram bebendo devagar até chegarem à festa.
Não sabiam o que iriam encontrar na festa, talvez fosse péssima... Entraram e encontraram outros amigos que os esperavam. Os amigos estavam sempre em grupos grandes demais para ela. Cumprimentou todos e foi logo perguntando do bar e se dirigindo pra lá ao mesmo tempo. Voltou com as bebidas e foi dando um jeito de acabar com a cerveja que estava quente. Bebeu rápido, mas era assim mesmo, bebia rápido demais. Olhava ao redor meio distraída, parece que as festas estavam sempre piores do que poderiam. Se irritava com o esforço de todos em ficarem no estado máximo de felicidade. Como se isso fosse possível naquele ambiente.
Um dos amigos tinha vindo especialmente por causa dela, tinham ficado juntos algumas vezes e agora a presença dele a irritava. Ele fingia que estava ali pra curtir a festa e repetia a frase: vamos curtir a festa! Ela se irritava com a cara falsa dele e aqueles olhinhos murchos pressentindo o fora. Vou pegar mais cerveja!
Bebia e tentava se concentrar na turba de amigos, não sabia mais do que falavam e não conseguia se interessar, era tudo tão confuso e chato. A conversa sempre se resumia às lembranças de festas que foram boas, casos bizarros em festas, bebedeiras, baixarias, etc. Um regurgitar e engolir aquele bolo festivo. Ela ria em alguns momentos, mas procurava com os olhos uma rota de fuga. Deu de cara com uns olhos grandes que sorriam para ela, um sorriso um pouco vulgar e gasto de tanto ser dado por aí. Mesmo assim aquele sorriso olhos e dentes pareceu diferente no escuro.
O sorriso aberto perguntava alguma coisa de longe, fez sinais. Ela pediu um isqueiro emprestado e foi em direção àqueles dentes, sorrindo também. Ele perguntou se ela fumava, enquanto acendia um baseado ordinário. Ela disse que sim e fumaram juntos, ele apresentou os amigos que estavam com ele. Já tinha encontrado com ele várias vezes, mas nunca o tinha achado tão lindo como naquela noite. Aliás, ele era um tipo irritante, sempre sorrindo e tentando conquistar quem passasse pela frente.
Eles dançavam juntos, fumando e bebendo, conversando aos berros algumas frases banais. Ela tinha ficado hipnotizada por ele que também usava uns óculos de fantasia. A fantasia dele era mais fajuta que a dela, uma camisa e calças pretas e uns óculos espelhados de camelô. Ela bebia e dançava com ele e alguns amigos dele que pairavam em torno. Não via mais os seus amigos e nem poderia voltar para lá. Já estava bêbada fazia um tempo, impossível de medir, sempre queria saber quando fora exatamente que tinha ficado bêbada. Quando foi o copo fatal?
Foi se deixando levar pela festa, pelo fumo, pelo moço sorridente. Ele era muito bonito, até demais! mas ao mesmo tempo a superficialidade daquela beleza prometia alguma coisa. Adivinhava alguma coisa embaixo daqueles músculos e daquele sorriso calculado. Por baixo de toda a casca de felicidade e beleza que revestiam o rapaz naquele dia e nos outros, tinha alguma coisa que ela não sabia o quê. Os amigos dela foram embora e ela ficou, sempre era a última a sair das festas. Tinha uma inércia que agia sobre o corpo dela que a impedia de ir embora.
Eles se beijavam e a música ensurdecia ambos, violentava o abraço dos dois obrigando-os a se mexer. Dançavam e se beijavam. Ele parecia bem mas ela estava bêbada, sabia disso. Pediu pra ir embora, o lugar estava quase vazio. Ele disse que a levava e perguntou sobre o caminho. Ela explicava que não conhecia a cidade direito, que tinha vindo de carona, foi dando referências. Saíram no carro dele e ela pensava como era arriscado ir embora com um cara que tinha acabado de conhecer. Ele era calmo no carro, diferente de tudo que ela tinha visto naquela noite. Ele quase não falava, só ficava ali perguntando umas coisas referentes ao caminho que ela não sabia responder. Os olhos tinham parado de sorrir e pareciam mais reais.
Ela pediu pra parar o carro, precisava vomitar. O carro encostou, ela abriu a porta, se encostou na lateral e vomitou. Vomitou muito e quando levantou a cabeça ele fazia xixi encostado no muro. Não sabe como chegaram na casa dela. Ela pensava que sempre aprontava dessas: vomitar com um cara que tinha acabado de conhecer. Sempre exagerava em tudo, falava alto, bebia demais, falava demais. Convidou ele pra subir. No elevador ela estava mole e ele ajudava a segurá-la. Entraram e ela apresentou o apartamento pequeno. Foi ao banheiro e instalou o bonitão na cama. Ele não dizia nada e parecia disposto a encarar o que viesse, estava tranquilo. Ela trocou a roupa por um pijama, disse pra ele que podia dormir ali e dormiu.
Quando ela acordou o bonitão tinha ido embora. Estava com uma bela ressaca, é claro. Pensava na noite anterior e lamentava o exagero. Lamentava que o bonitão tivesse ido, lamentava que tivesse bebido tanto, lamentava pela ressaca. Levantou e foi até a cozinha pra beber água. Viu do lado do telefone o nome e o número dele anotados com uma letra caprichada de homem.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

EUA atacam Brasil. Lula revida?

Numa manobra arriscada no contexto da política internacional EUA atacam o Brasil, o emergente mais queridinho do momento. Obama tem lançado celebridades pop sobre o Rio de Janeiro, elas vêm armadas até os dentes com suas minissaias, paetês, dietas de última geração, gemidos, perucas, grammys, etc. A questão é: porque o Rio? Sabemos que muitos gringos acreditam que o Rio é a capital do Brasil, mas é claro que Obama não é um deles. A sua estratégia é mais refinada do que se poderia pensar? Ou se trata simplesmente de vingança? A meu ver, a exemplo da guerra empreendida contra o terror, é uma questão de vingança. Michelle ainda não se conformou por ter perdido as olimpíadas de 2016.
Agora é urgente pensar no contra-ataque. Se Lula ainda não tem uma resposta à altura, eu sei o que fazer. Lancemos nossas celebridades baianas, nossas maternais cantoras de axé sobre Nova Iorque, elas vão fazer tremer o chão por lá. Mas só depois do carnaval, é claro!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

os atores andaram no shopping e foram expulsos

Eram dois meninos e duas meninas que andavam. Andaram em diversas direções, em diversos ritmos. Relacionaram-se com o lugar espacialmente, topograficamente, gestualmente, cinestesicamente. Andavam. Olhando de longe pareciam estranhos, de perto apenas andavam. Aos que sabem ver pareceria normal, andavam de olhos abertos.
Na cidade, atores penduravam-se em prédios, escalavam o público institucionalmente.
Os meninos que andavam não estavam autorizados, sim, é necessário estar autorizado. Para andar e olhar no shopping em grupo (ainda que seja um pequeno grupo) é preciso autorização. Ainda que seja na rua, na calçada do shopping necessita-se autorização.
Sim, é necessário se institucionalizar, pedir autorização às instâncias superiores, ajoelhar-se e pedir: Senhor, posso andar pelas suas calçadas? Posso escalar seu prédio em troca de bilheteria e publicidade? Posso ser artista no seu espaço? Posso ser?

NÃO AUTORIZADO.
Por favor, encaminhe um e-mail para o depto de marketing com a descrição do evento e pedido de autorização.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

30

São estranhos 30, assim redondos, definitivos. Parece que explicam tudo, no entanto, se fossem 31 seriam menos estranhos. Parece que tudo está explicado assim: Flávia, 30 anos. Exatos.
Quase exatos. O tempo se mede em anos, dias ou horas e as horas são muito mais misteriosas que os anos. Quanto mais fragmento o tempo mais infinito ele fica. E os segundos então, os segundos! Tantos segundos passados, intensos e decisivos me confundem em relação a esse tempo tão exato. Afinal, como são os 30? Pra mim são um mistério, incontáveis minutos passados e imprevisíveis segundos futuros.