sexta-feira, 29 de junho de 2007

Acesso restrito

A porta se fechou, sinto muito.
Esteve aberta por tanto tempo e você entrou e saiu quando quis.
Precisava sair batendo a porta? Precisava entrar aos pontapés?
O acesso era livre.
Agora vou botar uma placa em letras de fôrma vermelhas:
Acesso restrito
Somente pessoal autorizado.

Um pedaço de história

Finalmente chegou o dia em que meus peitos começaram a crescer e eu que queria muito isso, de repente passei a sentir pavor de que eles não parassem mais de crescer e todo mundo visse e todo mundo via mesmo e eu torcia pra todo mundo continuar fingindo que não via nada. Eu mesma fingia que não via mas minha mãe que nunca foi fingida enchia meu saco pra eu usar sutiã e eu queria morrer antes de pensar em comprar o dito cujo e ter que ir pra escola com ele como minha mãe queria. Todo dia eu chorava e torcia pra naquele dia minha mãe esquecer de tocar no assunto dos meus peitos que eu não tava preparada nem pra olhar pra eles ainda, muito menos pra falar sobre eles. Mais ou menos nessa fase os pentelhos também apareceram e eu sempre odiei essa palavra pentelhos mas nunca encontrei palavra que definisse melhor o que eles são, enfim, os pentelhos apareceram mas não me incomodavam tanto porque ninguém via mesmo, só eu via até com certo interesse e orgulho que o anonimato me permitia sentir, ao contrário dos peitos que não eram nem um pouco anônimos. Mas um dia o drama dos peitos teve fim assim como têm fim todos os dramas e eu fui a uma loja e comprei o bendito sutiã e comecei a usá-lo mesmo com vergonha. Alguns anos depois assumi os seios e hoje eles fazem o maior sucesso, mesmo sem sutiã.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O segredo

O que traz felicidade? Se eu soubesse a resposta ia escrever um livro de auto-ajuda ou gravar um dvd, ou as duas coisas, e ficar rica. Eu sou feliz, mas não sei porque. Pra começo de conversa eu sou um fracasso assumido, o que me livra de muita ansiedade.
O sucesso é muito valorizado. Quando me perguntam: o que você anda fazendo? Eu sei que é uma armadilha, só pra confirmar que eu continuo sendo um fracasso. E eu morro de vergonha e ódio de responder que continuo na mesma, trabalhando, pagando aluguel, namorando o mesmo safado de sempre, correndo atrás...sabe como é... Mas é isso mesmo que eu respondo, afinal é verdade e apesar disso eu vou bem, obrigada.
Mas se eu estou bem não importa, o que importa é o sucesso.
E o que é sucesso? De acordo com o padrão, sucesso é: ter graduação, pós-graduação, um bom emprego, dinheiro, casa própria, câmera digital, i pod, viajar, falar no mínimo uma segunda língua, ter carro zero, tv de plasma, amante, plano de saúde, ser magro, jovem, gozar todo dia no mínimo, entre outras coisas. E sabe o que é engraçado? Por incrível que pareça isso tudo não traz felicidade pra ninguém.
Eu não tenho sucesso, não tenho nenhuma das coisas nessa lista. Eu abandonei a faculdade, fiz um curso de teatro, trabalho como recepcionista, ando de ônibus, moro numa quitinete e pago aluguel, enfim, vivo só com o básico. Mesmo assim eu consigo ser feliz, às vezes. A sensação de ser um fracasso tá sempre me rondando, porque eu sempre tive aquela “lista” do sucesso na cabeça. Até o dia que eu percebi que essa lista não me interessava e minha vida tava uma merda. Deixei tudo pra trás e fui buscar outras coisas. Mas a lista continua lá, registrada e me fazendo sentir fracassada. Meu pai ainda sente falta daquele futuro de sucesso que eu abandonei... Eu não sinto.
Mas eu comecei falando sobre felicidade... e não sei o que traz felicidade, mas sei o que não traz. Esse sucessinho mixuruca aí, não traz. É um monte de mentira inventada pra vender, pra me convencer que não serei feliz sem ganhar e principalmente GASTAR muito. É um monte de merda, e construir a vida baseada em um monte de merda não vai me fazer feliz mesmo.
Eu sou feliz apesar de fracassada. E o que vier é lucro.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Paris

Eu ia escrever sobre a Paris Hilton, mas desisti. Chega de meter o pau nessas pessoas, as celebridades que se explodam.
Não me interessa se ela vai mudar de vida ou não. Ela que cuide da sua vida enquanto eu cuido da minha.
Ia falar de como essa cultura das celebridades é vazia, e blá blá blá. Mas já falei disso, todo mundo fala disso e quanto mais a gente fala mais alimenta o assunto. Chega desse assunto pra mim!
Adeus Paris, não quero saber se você é uma nova pessoa. Vá com sua nova pessoa pro inferno! Eu também sou uma nova pessoa, uma pessoa que não lamenta, nem reclama do mundo por aí, mas uma pessoa que faz diferente. Vou fazer diferente e não falo mais de você! Tenho assunto mais interessante, até eu sou mais interessante. Porque eu sou uma pessoa de verdade e conheço algumas pessoas que também são de verdade e verdadeiramente interessantes.
Adeus Paris, Britney, Lindsay, etc. Espero que vocês acordem qualquer dia desses.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O mergulho - parte II

Abandona a margem e se lança na água,
De vez.
Não sabe nadar, nem tem medo.
Mergulha fundo.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O mergulho

Eu mergulhei.
Dentro de mim e não me achei.
Ou será que errei?
Mergulhei fora de mim e me vi lá.
Acenando da margem.
Mergulhei na água e sumi.
Nunca mais voltei à superfície.
Mas a água era lama escura.
Dentro de mim abismo e fora o vácuo.
Mergulhei ou fui sugada?
Agente ou passiva.
Nem sei onde estava no início.
Mergulhei no precipício do não sei.
Não, eu mergulhei pra dentro.
De mim, da água, do vácuo.
Fundo na lama.
Eu mergulhei e não voltei.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Assassinos, suínos e outras histórias...

Fui ver essa peça aí no sábado. Adorei.
Antes de assitir qualquer peça pergunto por aí o que está rolando a respeito. Nesse caso, me falaram que a peça era engraçada, mas era mérito da direção e atores, porque o texto era ruim. O texto é do Jarbas Capusso. Na verdade eu nunca acredito nessas críticas, só quero saber da opinião geral pra confrontar com a minha.
Adorei o texto. São dois assassinos profissionais que foram contratados pra matar um morador da praça Roosevelt, a peça já começa com os dois no apartamento do cara, que está amarrado. Desde o início você imagina que a peça vai acabar com a morte do cara. E o que eles vão fazer nesses 40 min de espera? Isso me intrigou logo no começo. É simples, eles conversam. Nesse papo você descobre que são amigos e sócios, um deles é espiritualizado, faz terapia e é romântico. O outro é mais racional e sua mulher virou evangélica, portanto não faz mais boquete e o casamento está em crise. O romântico teve a ajuda do colega pra matar a namorada, cujo corpo está no porta-malas. Eles vão ao batizado da esposa evangélica depois do serviço. E por aí vai... são pessoas (quase) normais conversando. Mas o que mais gostei é que a conversa é fragmentada, um assunto é interrompido por uma dor de barriga, uma manifestação da vítima, uma lembrança, uma discussão, o acaso, enfim não é aquela coisa certinha. É uma conversa de verdade.
Os atores estão super bem, o Guizé é sempre bárbaro, o Edu Chagas também e tem o João Fábio que eu não conhecia atuando. Estão bem mesmo, tem uma construção um pouco over, quase caricatura mas que funciona e ao mesmo tempo tem muita verdade. Acho que o dedinho da direção amarra bem essa loucura toda. Enfim, juntando tudo deu um bom caldo.
Estava um pouco cansada das histórias da Praça Roosevelt, eu gosto mas tem hora que dá no saco. O maior mérito dessa história é que é engraçada sem deixar de ser séria. Provocante. Adorei o final, mas não vou contar, vai que alguém lê essa minha crítica.
E pra quem disse que o texto era chato, aí vai: eu discordo, você que não entendeu.
Entendeu?

PS: Não quero roubar o público do blog do Sérgio Salvia Coelho, portanto não vou me especializar em críticas.
PS2: O Sérgio Salvia Coelho não é meu parente.
PS3: Eu adoro as críticas dele, só ele me entende.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Ela chupava

Ela chupou o dedo até os 7 anos.
O dedão, também conhecido como polegar, da mão direita.
Parou porque a mãe a convenceu que aos 7 anos já era uma mocinha, e que na primeira série ninguém mais chupava. Ela acreditou.
No início não foi fácil, a vontade era muita. E de tudo usou-se, principalmente pressão psicológica, porque os pais achavam que pimenta era agressivo demais.
- Seus dentes vão ficar pra frente - e não faltavam exemplos de dentuços.
- Os meninos vão rir de você - eles riam mesmo.
- Você tem que crescer - e um dia ela cresceu. Será?
Mas a medida mais eficiente foi uma gaze enrolada no tal dedão, dia e noite. Tirava pra ir à escola e tornava a pôr ao chegar em casa. Ficava impossível chupar assim.
E como já não chupava nunca, foi se acostumando com aquele novo não hábito. Um dia não precisou mais da gaze. Já não chupava, nem mesmo a noite enquanto dormia.
O que a mãe esqueceu, talvez por ser menos vergonhoso, é que ela também tinha o hábito de se pegar às orelhas. Chupando o dedo e pegando a orelha sempre, a sua própria ou de algum desavisado que estivesse por perto.
Daí, que continua a pegar orelhas até hoje (já tem quase 30), incontrolavelmente. E é tão bom, aliás é delicioso. Ela geme e aperta sem parar, até que a orelha fique exausta. É um prazer inexplicável.
Ela ainda chupa algumas coisas: pintos, cigarros e garrafas. Chupa com prazer sim, mas o prazer de encontrar uma orelha macia e geladinha ainda é incomparável.
Ah, a mãe se esqueceu desse detalhe... ainda bem.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Estréia

Não sou do tipo moderna, sou mais pra retrô... pra não dizer ultrapassada.
Não uso a roupa que está na última moda, mesmo que eu goste. Acho o ó sair na rua e encontrar clones de mim. Prefiro esperar a moda passar e usar no ano que vem.
Não frequento a balada que é a última moda (a não ser que role um vip), prefiro um barzinho das antigas perto de casa.
Moro no Copan, que apesar de ter arquitetura moderna é velho pra caralho, e adoro o clima de lá.
Não é que seja contra coisas novas, é que gosto de ver o que fica de verdade, o que vai permanecer com o passar do tempo. E principalmente o que importa pra mim, e pra isso preciso de um tempo.
Tudo isso pra explicar porque fui inventar de criar um blog agora. Afinal é quase uma antiguidade no mundo digital (veja second life).
Simplesmente porque eu sou assim mesmo, meio teimosa.
Não quero fazer aqui um diário da minha medíocre vidinha, aliás esse caráter de diário sempre me afastou de blog, mas falar o que penso e postar as coisas que escrevo.
Não prometo que não haverão idéias medíocres, mas ao menos serão idéias.
Não prometo que vou postar tão frequentemente, porque às vezes as idéias faltam e às vezes são canalizadas pro meu trabalho de atriz/compositora.
Pra não ficar a impressão que sou reacionária, esclareço que adoro a liberdade de expressão que a internet proporciona, só não gosto da leviandade com que essa liberdade é usada, não gosto de leviandade em ambiente algum, aliás. Mas ADORO e sou defensora da liberdade e criatividade por todos os meios, inclusive digital.
Viva a liberdade de expressão!!! Parece assunto antigo, mas brigar por liberdade continua sendo super moderno, na medida em que ainda não a conquistamos.
É isso aí minha gente! Espero que alguém me leia e comente. Please comentem! Eu morro de medo de fazer festa e ninguém aparecer, é algum trauma de infância.

Beijos sempre.