segunda-feira, 11 de junho de 2007

Ela chupava

Ela chupou o dedo até os 7 anos.
O dedão, também conhecido como polegar, da mão direita.
Parou porque a mãe a convenceu que aos 7 anos já era uma mocinha, e que na primeira série ninguém mais chupava. Ela acreditou.
No início não foi fácil, a vontade era muita. E de tudo usou-se, principalmente pressão psicológica, porque os pais achavam que pimenta era agressivo demais.
- Seus dentes vão ficar pra frente - e não faltavam exemplos de dentuços.
- Os meninos vão rir de você - eles riam mesmo.
- Você tem que crescer - e um dia ela cresceu. Será?
Mas a medida mais eficiente foi uma gaze enrolada no tal dedão, dia e noite. Tirava pra ir à escola e tornava a pôr ao chegar em casa. Ficava impossível chupar assim.
E como já não chupava nunca, foi se acostumando com aquele novo não hábito. Um dia não precisou mais da gaze. Já não chupava, nem mesmo a noite enquanto dormia.
O que a mãe esqueceu, talvez por ser menos vergonhoso, é que ela também tinha o hábito de se pegar às orelhas. Chupando o dedo e pegando a orelha sempre, a sua própria ou de algum desavisado que estivesse por perto.
Daí, que continua a pegar orelhas até hoje (já tem quase 30), incontrolavelmente. E é tão bom, aliás é delicioso. Ela geme e aperta sem parar, até que a orelha fique exausta. É um prazer inexplicável.
Ela ainda chupa algumas coisas: pintos, cigarros e garrafas. Chupa com prazer sim, mas o prazer de encontrar uma orelha macia e geladinha ainda é incomparável.
Ah, a mãe se esqueceu desse detalhe... ainda bem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei!