terça-feira, 6 de março de 2012

falei das flores

não tem mais catarse

ou de repente não é nada disso, é só bobagem cotidiana
de gente que tem medo de beber demais e morrer cedo
gente que fuma e tem medo de câncer
e a catarse tá ali dissolvida no dia pesado, nos gritos
nas risadas exaltadas
no corre-corre do busão
nas emoções via sms

a boba bancando a arrogante que não transa catarse
que transa amizades
e pequenas putarias
de vez em quando uns abalos
umas perguntas engatadas em outras
sem fim
querendo nunca ser medíocre, mas sendo
umas piadas e discursos exaltados
muitas palavras e temas pra escapar do inevitável, o seu pequeno tamanho
esse negócio de grande e pequeno é besteira e tal
é um belo exercício retórico, rende algumas gracinhas
que uso depois nas festinhas

é tudo inha
porque tinha que pagar a conta de luz no dia certo, pelo menos uma vez
arrumar mais um trampinho
ligar pra mãe
aspirar o pó
bobagem

e se não fosse a bobagem do dia vivo
o suor fedido na calçada, correndo
do que eu ia falar?
vou indo inha
pra lá e pra cá atrás de uns sonhos
um teto e umas ideias
vou falar do quê,
das flores?