sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quase 30

Amanhã é meu aniversário.
Acordei meio chorosa pelos erros cometidos e repetidos nos últimos anos. Mal humorada porque acordei antes do despertador tocar.
São quase 30, uma mania de antecipar as coisas. São 29.
Fiz um café e comprei pão fresco, há muito tempo não faço isso. Tenho perdido meu tempo pensando em bobagens. Pão e café fresco, isso que é vida.
Hoje comemoro meu aniversário com os amigos, amanhã viajo pra comemorar com minha família. Ontem um eco do passado me cobrou, você me deve isso e aquilo. A mim ninguém deve nada, eu não cobro. Morro o prejuízo sozinha ou quase, agradeço aos meus amigos mais uma vez e pra sempre.
Pra mim o ano não começa depois do carnaval, começa no dia 1 de fevereiro. É nesse dia que eu começo um novo ciclo. São 29 ciclos e passam rápido demais pra eu acompanhar.

Parabéns pra mim que nasci aos 8 meses, no dia 31 de janeiro de 1980, de parto normal, na cidade de Sertãozinho (SP).

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Profundo?

Outro dia uma amiga escreveu a respeito de um post meu: " Profundo!!!" Talvez tenha sido ironia dela, não dava pra saber. Independente de a intenção ter sido irônica ou não, me peguei a pensar no que queremos dizer quando falamos que algo é profundo. Profundo parece ter uma qualidade melhor que raso. Aí me pergunto: profundo é melhor que raso?
Raso parece ser o que está na superfície, o que reconhecemos facilmente, o que vemos com clareza. Na praia vemos nossos pés na água rasa, mas não na profunda (pelo menos aqui no nosso litoral próximo e sujo) Profundo parece mais difícil conhecer, msterioso, demanda um esforço maior. Até aí tudo bem, nem melhor, nem pior.
Às vezes dizemos "profundo" quando não entendemos algo. O discurso é difícil? Logo mandamos um "profundo..." Ao mesmo tempo que expressamos nossa incompreensão, fazemos um elogio ao emissor do discurso "não é você que se expressa mal, eu que não sou capaz de compreendê-lo". Dito isso, não nos sentimos mais na obrigação de entendê-lo, nem ele de se fazer entender. Entramos na esfera do obscuro, quase sobrenatural.
Voltando a pensar no meu post, não acho que seja profundo. Fala de coisas conhecidas, rasas, clichês e também de coisas não tão claras, sentidas, incompreendidas. Ele não é profundo, nem raso. É composto por camadas e elas não se sobrepõem umas às outras, só estão lá, as camadas.
Fiquei pensando também em quanto essa noção de raso e profundo nos afasta de conhecer. Colocamos uma etiqueta: "raso" ou "profundo", e não precisamos mais pensar. Nem estou falando do post que eu escrevi, ele não merece tanta atenção, mas falo de tudo.

Segunda (26/01) li no jornal o imortal Evanildo Bechara falando sobre a reforma ortográfica. Ele ganhou uma página inteira no JT (do Grupo Estado) para falar sobre o assunto. Em momento algum ele colocou em questão a reforma. Nem mesmo as mudanças do pára e fôrma, que tinham acentos diferenciais (servem pra gente saber se o para é verbo ou preposição e se forma é de bolo ou física). Eu, particularmente, odiei essa parte da reforma. Enfim, ele apóia totalmente a reforma e no final da entrevista o repórter pergunta se ele se incomoda com as críticas. Ele disse que não, porque as pessoas que têm (esse acento caiu também?) conhecimento técnico sobre o assunto não colocam a reforma em questão e as pessoas que questionam não têm (^?) direito de criticar pois não têm conhecimento do assunto.
Conclusão: se você é um mortal como eu que usa a linguagem escrita apenas para se comunicar, não tem direito de questionar um imortal. Em outras palavras, esse assunto é muito profundo pra você. Por outro lado, a meu ver, o discurso do Sr. Bechara é muito raso. Confiram a entrevista, e os exemplos que ele dá, alguns são hilários.
Sei que não tenho conhecimento para discutir o assunto, mas não tô nem aí. Acho que o Sr. Bechara fica numa posição bem mais segura ao lidar com o assunto da reforma como se fosse de uma profundidade insondável. Imaginem se todos nós pudéssemos palpitar na ortografia da língua portuguesa, pra onde iria o poder do Sr. Bechara?
Enfim, vamos um pouco além da profundidade? Às vezes o que parece profundo é, na verdade, muito mais raso do que acreditamos. É preciso prestar atenção.


Serviço: O post do qual falo no texto é "Recomeço", de l9/01.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Frase do mês

Plagiando Daniel Lühmann (e aproveitando as oportunidades de utilizar a falecida trema):

É a sua indiferença que me mata.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Você é uma figura

Tem uma ou duas pessoas que sempre me levam a consultar o dicionário. Isso quer dizer que alguém me desafiou de alguma forma, a ponto de querer definir exatamente o que essa pessoa quis dizer pra mim ou de mim.
Uma dessas pessoas me disse hoje: Você é uma figura!
A expressão imediatamente me ofendeu, não gosto dessa expressão de forma geral, muito menos referida a mim. Por via das dúvidas, consulto o dicionário e aí está parte da resposta:

figura
fi.gu.ra
sf (lat figura) 1 Forma exterior. 2 Aparência. 3 Porte. 4 Unidade num conjunto de expressão humana; pop rosto. 5 Imagem, gravura, estampa. 6 Pessoa, vulto. 7 Importância social. 8 Representação. 11 Busto ou corpo de pessoa estampada ou desenhada. 12 Qualquer sinal de notação. 13 Carta de jogo que tem figura. 14 Peça. Psicol: diz-se que a figura é a percepção que nitidamente se destaca, entre impressões menos distintas, às do fundo. F. irregular, duas premissas. F. de teatro: atores e atrizes.

Como pensava, essa pessoa me reduziu a uma parte de mim. Aparência, exterior, o que aparece por fora. Como consequência desqualificou as coisas que eu disse, como se uma personagem houvesse dito. Foi isso que senti.
Só pra constar: eu sou uma pessoa inteira, cheia de espaços preenchidos e vazios, sentidos, sentimentos, desejos e eu não escondo quase nada. Não vê quem não quer.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Recomeço

Eu fecho o livro e os olhos. Eles ardem como se estivessem abertos há muito tempo.
Eu fecho os olhos e as palavras flutuam na minha frente. Flutuam e se embaralham.
Sei o que elas dizem mas não ouso compreendê-las.
As palavras travessas não cansam desse jogo, tentam me explicar o óbvio.
Fecho os olhos e abro um novo livro, mais complexo, que me explica profundidades. Mergulho neste profundo, a visão embaçada dos velhos óculos. Talvez valesse a pena trocá-los.
Parece simples comprar um novo par de óculos, mas não. Como deixar o olhar familiar por um outro, desconhecido? É como respirar uma nova atmosfera, lunar. Como é andar e respirar na lua sem capacete, uniforme e cabos conectores?
Tirar o dedo da boca, o cigarro, a garrafa, o pinto. Abrir a boca e tê-la livre.

Chupo o dedo da mão direita depois de muito tempo, sugo como se pudesse me encher de algo.
Algo invisível e indizível, algo que não conheço mas preciso. Sugo o dedo e os olhos afundam nas órbitas. A língua acaricia o polegar quase sem querer, com amor imenso e saudade.

Amor e saudade. Nunca sei porque os sinto ou por quem.
Talvez sinta por mim mesma, porque preciso senti-los. O dedo na boca me acalma e os olhos fechados só vêem sombra. Só sinto.
Sinto-me só e sei que sou só mesmo, só não queria senti-lo. Saber e sentir são diferentes.
Saber é prazer, alívio, segurança. Sentir é dedo na boca e olhos fechados. Nada explica ou pouco importa a explicação.
Qualquer explicação é mentira.
Sinto amor e saudade por mim que fiquei pra trás há mais de vinte anos. Pouco importa a explicação.
Cada amor é um reencontro com a menina, é dedo na boca.
Mas a menina sabe que é velha demais pra chupar o dedo, há mais de vinte anos.