quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

domingo

Estava exausta, deitou de conchinha, meio tímida. Sexo é uma coisa angustiante, boa, mas cheia de uma coisa meio indefinida, uma certa insatisfação. Pelo menos pra ela, que tem 17 anos. Não que não tivesse gozado, tinha sim, mas depois que acabava sempre achava que tinha perdido alguma coisa.
Era a primeira vez que se apaixonava por um homem inteiro, incluindo o pinto. Depois que alguns anos se passassem, não saberia dizer porque se apaixonara por aquele homem, era o primeiro amor de pica. Ele não tinha nada a ver com ela, essa era a opinião geral, mas ela amava aquele como se fosse o único, o último. Só de pensar que poderiam se separar um dia, doía.
Aliás, doía mesmo, tudo doía e excitava nesse primeiro romance. Ficava tentando encontrar uma maneira de diminuir a incerteza daquilo tudo. Ele era dela hoje, mas dificilmente seria pra sempre, sabia disso. Ela arquitetava grandes planos pra vida dos dois, até dividia alguns com ele, parecia que sua vida estava atrelada a dele pra sempre. Não sabia nada do futuro, exceto que ele era parte dele.
Ele não sabia, mas ela estava arrumando um jeito de morarem juntos, claro que dependia de uma série de fatores, alguns fora do seu controle, mas a idéia era boa. Claro que as famílias não iam gostar e iam colocar empecilhos, mas se ele aceitasse... Ia dar um jeito de fazer faculdade em outra cidade e ele poderia ir junto com ela. Só iria se ele fosse. Tinha certeza que ele ia topar, mas ainda não tinha tido coragem de perguntar.
O dia que eles terminaram era domingo, e chovia. Ela não gostava mais dele, não tinha a mínima vontade de morar com ele, nem acreditava que tinha pensado nisso um dia. Ele não tinha nada a ver com ela, era tão chato. Ela não via a hora de terminar aquela história e seguir em frente. Ele chorava, sempre chorava quando queria alguma coisa. Que chatice, sempre igual, ele faz aquele circo e ela não tem coragem. Agora é diferente.
Depois do rompimento ia haver aquele período de choradeira, mas estava decidida e não ia voltar atrás. Ele foi embora no ônibus, ela ficou acenando e sentiu um alívio enorme. Ele era o último resto da adolescência que estava indo embora. Tchau.
Pouco tempo depois, ela também ia pegar o ônibus num domingo e deixar a cidade. No dia que partiu estava diferente, era ela mesma. Olhava a estrada e pensava, eu não vivo mais aqui, quando voltar vai ser a passeio. Sabia que não ia sentir saudades, ela era assim. Abandonou a velha vida que não lhe servia mais.

Num domingo chuvoso, o vizinho tocava sax, eu não o conhecia, só de ouvido. Depois de uma hora ouvindo o lamentoso saxofone e o barulho da chuva, estava irritada. Depois de duas horas pensei em sair um pouco de casa, mas a chuva me desanimou. Na terceira, quarta e quinta horas tentava sentir prazer com o som ambiente. Na sexta ou sétima hora, não sei ao certo, ouvi junto com a música, esta história de uma menina qualquer, igual a tantas outras, que tinha uma história de domingo pra contar. Sentei e escrevi.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Trauma

Superando traumas:

- aniversário
Depois do meu aniversário frustrado de 10 anos, resolvi tentar de novo, reuni os amigos em casa pra comemorar os 28 anos, e funcionou!
- faculdade
Após duas tentativas, farei uma terceira. Passei de novo no vestiba e dessa vez eu termino o curso.
- pé
Passei esmalte pink nas unhas do pé. Pé feio, e daí?