quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

31 de janeiro

Hoje é meu aniversário, 28 anos. Passa rápido não?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

artesanato

Hoje fiz meu filho, meu feto.
Com agulha e linha o cerzi, misturado com o sangue das pontas dos dedos feridos na agulha.
Como minha mãe me ensinou, como a mãe dela a ensinou.
Fiz meu filho com minhas mãos e ele é meu.
Hoje fiz meu filho e morri, porque de hoje em diante não há vida senão a dele.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ai

Ai, meu homem foi embora
E disse que não volta, ai
Acudam!
Não vivo sem meu homem
Cruel
Foi-se embora, levou o anel
E a minha vida, ai
Socorram, que eu morro
Me jogo no poço, deito na lama
Sem meu homem não vivo,
me enforco num pé de cebola
Avisem por aí, pra que ele saiba
ela perdeu o juízo, endoidou de vez
diz que se mata
Digam que: se ele não voltar me jogo,
me deito, me enforco, me entupo numa overdose de aspirinas e urubus.
Ai, ele foi embora
Que dor.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

naquele dia

Naquele dia que você me disse que eu estava linda, meu coração disparou. Não que nunca tivesse ouvido isso, mas você nunca tinha dito.
Naquele dia, respondi com um sorriso assustado, obrigada! E não sabia mais o que dizer. É que eu queria que você gostasse de mim de alguma forma, e tive esperança.
Eu sei que, naquele dia, você quis mostrar que gostava de mim de alguma forma e que havia esperança.
Naquele dia, nós dois ficamos meio eufóricos com a novidade e quase não nos reconhecemos. Como você explica que eu não me lembre da sua expressão? Eu queria lembrar.
No dia seguinte ainda estava tão eufórica, que liguei pra uma amiga pra contar o que tinha acontecido entre nós. Claro que ela não entendeu, apenas fingiu que sim.
Dias depois do acontecido, nada mais aconteceu e eu fui esquecendo daquele dia. Hoje me lembrei e queria que você também lembrasse.
Lembra?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A música

Era menina bonita, mais pro tipo atrevida. Cabelo castanho avermelhado, igual quando era criança e esse era o tom natural.
Atiradinha, quis logo sair de casa, fazer faculdade, morar sozinha. Quis logo fazer tudo que tinha pra fazer, sem perda de tempo. Fez tudo.
No fim da faculdade não sabia o que fazer, voltar pra casa da mãe nem pensar. Ela queria mais, queria tudo que tinha direito. Ainda não tinha certeza do que queria, mas sabia que estava longe dali. Ali não tinha nada, nem o namorado que tinha deixado há poucos dias.
Acabou em São Paulo, como geralmente se acaba. Ali tinha tudo, era o que ela queria. Se embriagou da cidade, bebeu, comeu, fez e aconteceu. A cidade era sua. Estava presa à cidade.
A rotina épica da cidade engoliu a menina, ela seguia o fluxo. Quando se entra no ritmo da cidade tudo se acomoda, a vida corre.
Num belo dia, na verdade num dia cinza, a menina percebeu que estava dançando a música errada. A música da cidade não era a mesma que a sua. Descompassou-se. Não conseguia mais se encaixar naquele trânsito. A cidade continuava seu fluir indiferente.
Não entendia o que estava fazendo ali, era a ressaca da cidade. Tentava lembrar, mas a noite anterior latejava na sua cabeça. De repente lembrou que não tinha vindo procurar nada na cidade, tinha vindo procurar a cidade. Tinha vindo se procurar na cidade e a cidade a arrastou.
Pensou tudo isso pouco antes de dormir, naquele momento em que não se sabe se está sonhando ou pensando. Achou que tinha entendido uma coisa importante, mas não tinha certeza. E entendeu que era isso mesmo, era isso. Dormiu.
No dia seguinte acordou pensando: o que eu quero da vida? E (milagrosamente) não ouvia o ritmo da cidade... Ouvia outro ritmo, um ritmo conhecido. E durante todo o dia dançou esse ritmo, lembrou dessa música. Dançou a música pela cidade. Era a sua música.

silêncio

Não me fala de você
Que me interessa o que sente?
Só quero silêncio.
Não fala!
Vou me fingir de surda. Sou surda. Surda.
Já acabou?
Me beija, me pega, me abre.
Faz tudo, mas em silêncio...ssssshhhh
Não me fala de amor.
Me beija, me chupa, me marca,
mas não me liga.
Eu gosto do silêncio.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

santidade muderna

Santa
uma puta santa do caralho
crente, meio fora de moda
meio militante demais, quase irritante
irrrrritante, sabe?
mas era por ser boa e crente
meio depravada e boca suja, mas boa
boa demais pra uma santa
e tinha uns olhos, uns olhos...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ano novo, vida também

Nesse ano novo eu prometo:
- perder 3 kg
- fazer exercícios
- estudar mais
- beber e fumar menos
- encontrar mais com os amigos
- e atualizar o blog com frequência

Ha ha ha!