terça-feira, 18 de setembro de 2007

amigo

- você conhece alguma puta?
- puta que cobra?
- é.
- não, você tá precisando?
- tô.
- e tem que ser conhecida?
- puta com indicação é melhor.
- ah é? não sabia dessa...

Lembrei de quando ele era virgem, não bebia e sempre me carregava pra casa. Chegava a ser exótico, estava sempre entre a gente mas era de uma outra espécie, menos adolescente. Era motivo de piada, claro. Todos gostávamos muito dele, aliás era nosso preferido, mas isso não nos impedia de rir. Ríamos de tudo.
Às vezes eu pensava se ele não se incomodava com as brincadeiras, mas ele não reclamava e, se reclamasse, ninguém levaria a sério.
Diziam que era apaixonado por mim, nunca confirmei. Pra mim ele era o melhor amigo, chorava minhas frustrações amorosas no seu colo, ouvia os conselhos. Era amigo de todos, sabia todas as intrigas, mas não espalhava. Era pessoa de confiança.
Aí eu fui fazer faculdade, ele também e a gente se distanciou. Mas eu tinha notícias de que ele estava bebendo, dando vexame, inclusive tinha sido preso (!), pra mim era inacreditável. A turma que tinha que cuidar dele, agora. Porque essa reviravolta? Não sei.
Sei que anos depois ele me pergunta de putas e bebe. Mas ainda tem um lado ingênuo, até delicado, que se choca com a crueza das minhas palavras, que me acha sarcástica e agressiva demais. Não sou eu Bruno, as coisas que são assim.
Ele continua sendo uma incógnita pra mim, e apesar de falar sobre ele não quis arriscar ofendê-lo com minhas opiniões agressivas... ele é meu amigo.

3 comentários:

Mariana P. disse...

As vezes reservamos as opiniões mais agressivas pros amigos.
Mas tem horas que temos que saber calar.

Nem sempre temos que ter opiniões tão técnicas.

Nem sempre temos que ter opiniões.

flávia coelho disse...

né? até eu fico de saco cheio das minhas opiniões...

Mariana P. disse...

saudades da minha flor...