quarta-feira, 5 de outubro de 2011

de frente, mas podia ser de qualquer lado

você me quer na sua porta e não considera que eu nunca quis estar onde não era meu lugar/ você gostaria que eu o obrigasse a qualquer coisa que seja e ignora que eu nunca vou te obrigar, ainda que você queira/ você me cobra que brigue contra suas verdades e esquece que as minhas nunca serviram a imposições/ eu não me coloco, eu não te obrigo e não brigo. eu só espero que nos encontremos, nos toquemos e falemos nossas bobagens vivas e mortas (se houver necessidade de palavras)/ a minha única exigência (que não é uma frescura, mas uma necessidade infernal) é que você venha com tudo o que tem, que não te falte nenhum pedaço e que seja íntegro e certo de quem é, mesmo que seja algo confuso
não me exija que eu te exija, quero estar fora desse círculo de exigências fúnebres

3 comentários:

Alice disse...

"não me exija que eu te exija, quero estar fora desse círculo de exigências fúnebres"

Talvez esse não exigir seja todo o mistério. Adorei o texto!

Beijo

Isabela Penov disse...

Como eu adoro e acaricio essas suas flores brutas de amores agressivos, de um rosto impassível que escorre um monte de lágrimas doces, que diz num tom duro sobre as exigências fúnebres e levanta o dedo em riste, mas espera que nos encontremos, que nos encontremos com ou sem necessidade de palavras, o dedo em riste e uma lágrima cai, e um sorriso se abre, e o dedo em riste, e um riso irônico, e um afagozinho nas orelhas...

flávia coelho disse...

olha só a penov humilhando minhas pretensões poéticas com suas lindas palavras, bjs