quarta-feira, 20 de julho de 2011

palavra - nada

às vezes eu fico triste e não quero dizer mais nada
sabe, as palavras não são nada mesmo
nada podem contra a morte
nem contra os assassinatos
os homens dormem tranquilos por terem sido poupados
nem isso, não têm consciência de que foram poupados
nem todos são
nem todos
mas os que foram poupados acreditaram-se parte de uma minoria
uma minoria que quase nunca passa pela terra
que voa sobre as nossas cabecinhas
que nos roubam, mas não são mortos
ganham estátuas nas praças
mas não adianta dizer nenhuma dessas bobagens
as palavras não servem
os conceitos são luxo
o pensamento é restrito
o que vale é a grana
e proteger os patrimônios
a ideia está incompleta, mas não quero mais escrever
escreve aí, quem souber
ou quiser se arriscar
é um risco mínimo

2 comentários:

daniel disse...

fazia tempo que não passava aqui, por motivo de embriaguez constante e péssima administração de tempo.

sem mais justificativas. a vontade é de comentar tudo, o tempo todo, como se suprisse ausências.

só digo que as palavras valem. às vezes a gente se cansa delas e entra em jejum, depois volta e é como se nada tivesse acontecido. o problema são as conexões que elas, as palavras, não pedem pra fazer, mas a gente faz mesmo assim. o amor e o eterno, por exemplo, que são tão importantes separados, pra quê juntar? vícios de linguagem que denunciam os vícios de pensamento.

e tá pra nascer coisa mais linda do que a imagem das pipas que adoram o inverno que venta mais. penso que o indício de alegria delas seja o mesmo dos cães, balançando a rabiola.

flávia coelho disse...

ô lindeza. reclamo mas continuo escrevendo porque não sei desistir de algumas coisas e etc.
e sinto tanta saudade docê. só desculpo por causa da embriaguez, que me aproxima sempre de vc. e apóio, desejo uma embriaguez constante por aí.