segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Eu nunca tive muita dificuldade em estar sozinha, pelo contrário, gosto de ficar comigo. Tive poucos momento de solidão sentida, aquela que dói mas não tem ninguém pra resolver pra você. Isso é uma coisa.
Outra coisa é criar sozinha. Em determinado período, me vi criando sozinha, só eu e a Renata Kamla, que me dirigia. Foi difícil, tentamos adoidado, mas paramos o trabalho antes de chegar em alguma forma. Eu comecei a estudar, a Rê também, e sobrava pouco tempo pra gente, desanimamos. Paramos o trabalho.
Ao longo deste ano, acabei criando algumas cenas sozinha. Quem acompanha o blog, deve ter visto alguns eventos, saraus, que anunciei aqui. Para cada um desses eventos criei uma cena. Além disso, estou dançando num grupo do IA (Unesp), e aprendendo muito sobre criação ali.
O fato é que, várias pessoas que me assistiram, me perguntaram se eu gostava de solos. E eu morrendo de medo de ser considerada egoísta, solitária, anti-social, etc, respondia que não. Não, eu só criei algumas cenas solo porque ninguém quer, ou não tem tempo, ou não tem saco pra criar comigo. É isso.
Mas pensando no assunto sozinha, e sem medo, entendi que eu gosto sim de solos. E acho que o solo expressa bem a nossa falta de tempo, de disposição ou seja lá o que for, a nossa individualização. E vejo dois lados, no mínimo, nessa questão. O artista que constrói algo sozinho, está dizendo que aquela é a sua posição. Não tem grupo para dividir a conta, não tem a coletividade para se dissolver. É ele. Por outro lado, uma criação solitária, expressa a nossa falta de espírito coletivo também. Com "a nossa", quero dizer da humanidade. A nossa falta de tempo pra contruir coisas juntos, seja trabalho, ou idéias, ou sentimentos, ou eleições, ou criações artísticas.
Enfim, depois de relutar um pouco, resolvi que vou construir um solo, sim. Aliás, ele já está delineado. Vou juntar as cenas que fiz separadamente, que têm um diálogo entre si, e provavelmente terei que construir algumas transições, mas a cara do trabalho já existe. É bem provável que tenha um músico comigo, e dependendo de como a coisa se desenvolver pode-se tornar um duo, quem sabe? Agora, se o músico desistir do trabalho, será um solo, sem culpa.

2 comentários:

Anônimo disse...

O nome vc já tem "Solo sem culpa".
Se não for pra essa, guarda esse títula pra uma próxima.
Saudade loira. bjs

daniel disse...

ai ai ai ai ai, sinto sua falta.
fé no solo e força às postagens embriagadas que culpam a tv globo.

beijo.