terça-feira, 20 de novembro de 2012

crepúsculo e amanhecer

- é uma nóia!
sentada na calçada, paramédicos ambulância, cabelo loiro
cacarejam em volta outras nóias
gastas sob o sol recém-nascido, ficam vampirescas
os narizes apontando pra baixo e a nuca pra cima
passa outra com o mesmo perfume - ainda preciso de dinheiro pra pagar a babá
são quase oito da manhã, pode dar tempo

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ouço um grito abafado, não sei se é homem ou mulher
talvez homem, ou travesti
outro homem por cima bate na sua cabeça
tenta bater na parede e no chão, se embolam e no escuro apresso o passo
as portas dos inferninhos que nunca se fecham
nunca apagam
fluxo intenso de zumbis, alguns um pouco mais vivos
uma voz anasalada, um peitão duro - ih, se pegaram ali...
dou mais uma olhada
atrás de mim, os dois se agridem, não gritam, não xingam
espremem-se e tenho a impressão de que as carnes se descolam
obstinadamente se machucam numa massa indistinguível
ainda não sei quem apanha

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os homens andam entre as mulheres e as banquinhas
hot dog, bitucas de cigarro no chão, copos plásticos, garrafas, latas
taxistas, coxinhas, seguranças, sem-teto, nóias, parecem não perceber que o dia seguinte chegou
as mulheres paradas em grupos, ou andando em linha reta, algumas poucas ainda incertas
dificilmente fecham negócio essa hora
os homens andam em círculo, em torno das meninas
cerveja quente, água
Love story
catadores se adiantam




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