segunda-feira, 1 de março de 2010

Leitura

Estava lendo um livro que foi incrível. É uma edição de 1978 de Os condenados do Oswald de Andrade. Esse livro foi comprado pelo Tomaz faz uns anos num sebo, mas nem ele nem eu tínhamos lido ainda. Só pra informar, a obra foi escrita entre 1919 e 1921 e grande parte se passa em São Paulo. À parte toda a beleza da obra e tal, ainda vem de brinde um retrato da São Paulo da época. As personagens circulam e moram pelo centro e alguns bairros da cidade e a própria cidade se torna uma personagem.
Além do prazer da leitura propriamente dita, tive o privilégio de ser a primeira pessoa a ler esse exemplar da obra. À medida que fui lendo o livro percebi que algumas páginas estavam grudadas, na verdade não haviam sido cortadas direito. Tive que desbravar as páginas, cortando com uma tesoura antes de ler. Quando me dei conta que tinham várias páginas grudadas e que ninguém tinha lido este livro inteiro fiquei emocionada por duas razões: por estar lendo um livro quase virgem e pelo fato de ninguém ter lido aquele exemplar do primeiro romance do Oswald. Ao longo dos seus 32 anos de existência, ninguém leu o livro que agora é nosso.
Fiquei muito feliz por finalmente tê-lo lido. Fiquei pensando em quantos livros estão por aí estéreis e me assustei, afinal já são tão poucos em circulação.
Enfim, dá pra explicar pra quem nunca sentiu, a emoção de amar um livro? Não uma obra, um romance, uma tese... um livro. O livro que é obra, é arte, mas é objeto. Objeto antigo, vivido, embolorado. Objeto que contém uma obra, contém um autor, uma pessoa, personagens, pessoas, cidades. Objeto cheio de vida e morte.

Um comentário:

Unknown disse...

Aiai, tenho vários livros não lidos, fiquei com pena deles agora. Talvez eles mereçam mais atenção apesar de não serem clássicos, ou mereçam um novo dono apesar de estarem bem cuidados, ou talvez mereçam ser reciclados apesar do crime cultural contido nisso.