Não, não estou especialmente criativa. Aliás, encontro dificuldades em digitar, talvez seja culpa do domingo de carnaval.
Mas estou começando um novo processo criativo, parece metido a besta falando assim. Não é nada de mais, só colocar em cenas coisas que estão na minha cabeça e no corpo há um tempinho.
Nesse trabalho vou experimentar coisas que ainda não pude aprofundar, coisas que estão apontadas em mim, em algum lugar de mim.
Pra sair alguma coisa desse processo criativo, preciso registrar o que acontece. Seja pra repetir ou pra mudar ou deixar. Já que vou ter que registrar mesmo... um blog, mais um.
Vai ser diferente desse aqui e vai ser diferente dos meus cadernos de registro também, vai ser uma coisa nova.
Vamos ver no que vai dar.
O link pro blog novo está aí do lado, um conto e uns pontos.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
De repente
Aí bateu aquele amor assim, por tudo.
Um amor por tudo que é bonito e feio ao mesmo tempo.
Tudo que goza e dói, que é estranho e contradição.
Amor humano, mais que perfeito, sujo. Limpo e puro por isso mesmo.
Amor só assim, batendo.
Amor bate-bate.
Um amor por tudo que é bonito e feio ao mesmo tempo.
Tudo que goza e dói, que é estranho e contradição.
Amor humano, mais que perfeito, sujo. Limpo e puro por isso mesmo.
Amor só assim, batendo.
Amor bate-bate.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Fim de feira
Desci do ônibus e dei de cara com a feira. Tinha esquecido a feira.
Nunca vou à feira porque não gosto do barulho e do tumulto, fico atordoada.
Tinha que passar pela feira, em direção a
Foi ali que pensei mais uma vez em como amava andar por aquelas ruas. Amava e não sabia se odiava também.
Os restos de comida e pessoas estavam ali. Pareciam se mover com rapidez e, no entanto, estavam inertes.
Pombas voavam, beliscavam. Já deviam estar cheias, as barrigas gordas.
Eu pensava em como amava aquela imundície. Tinha medo, sem dúvida.
Era muito diferente de andar por ruas arborizadas, limpas. Pessoas correndo com seus nike shox.
Era feio ali, na feira. A rua inteira estava ocupada e tinha que desviar das folhas de alface, de repolho, folhas.
Só sobraram as folhas, o que me fez pensar que os legumes foram recolhidos, comidos.
A rua estava cheia e era difícil saber quem trabalhava, catava ou observava.
Os homens me chamaram, elogiaram, assoviaram. Eu não respondi e eles sabiam que não responderia.
Eles sabem, mas chamam mesmo assim.
Eu também sei que vão reagir à minha passagem.
Eu não reajo, não olho.
Depois da feira o cenário não era melhor. Muita sujeira e trapos-pessoas.
Penso porque eles reagem e eu não.
O final da feira era uma espécie de festa ao contrário, ou uma festa.
Penso porque gosto dessa imundície.
Penso que dá sentido a alguma coisa que não sei o quê. A sujeira estava lá antes de mim e vai continuar depois. Qual o sentido?
Por ali tudo é exagero, em volta os travestis desfilam sua feminilidade exagerada. Bêbados cambaleiam ou caem pelas calçadas. A sujeira se acumula no espaço e nas pessoas. Não há disfarce, mas o seu contrário.
Eu desfilo contrastando com o redor. Nem muito feminina, nem suja, nem cambaleante. As bochechas coloridas pelo blush, os cílios duros. O contraste se torna exagero.
Ali fico dilatada, um exagero. Personagem que contrasta com o meio por onde passa, clichê visual.
Vai ver é isso.
Nunca vou à feira porque não gosto do barulho e do tumulto, fico atordoada.
Tinha que passar pela feira, em direção a
Foi ali que pensei mais uma vez em como amava andar por aquelas ruas. Amava e não sabia se odiava também.
Os restos de comida e pessoas estavam ali. Pareciam se mover com rapidez e, no entanto, estavam inertes.
Pombas voavam, beliscavam. Já deviam estar cheias, as barrigas gordas.
Eu pensava em como amava aquela imundície. Tinha medo, sem dúvida.
Era muito diferente de andar por ruas arborizadas, limpas. Pessoas correndo com seus nike shox.
Era feio ali, na feira. A rua inteira estava ocupada e tinha que desviar das folhas de alface, de repolho, folhas.
Só sobraram as folhas, o que me fez pensar que os legumes foram recolhidos, comidos.
A rua estava cheia e era difícil saber quem trabalhava, catava ou observava.
Os homens me chamaram, elogiaram, assoviaram. Eu não respondi e eles sabiam que não responderia.
Eles sabem, mas chamam mesmo assim.
Eu também sei que vão reagir à minha passagem.
Eu não reajo, não olho.
Depois da feira o cenário não era melhor. Muita sujeira e trapos-pessoas.
Penso porque eles reagem e eu não.
O final da feira era uma espécie de festa ao contrário, ou uma festa.
Penso porque gosto dessa imundície.
Penso que dá sentido a alguma coisa que não sei o quê. A sujeira estava lá antes de mim e vai continuar depois. Qual o sentido?
Por ali tudo é exagero, em volta os travestis desfilam sua feminilidade exagerada. Bêbados cambaleiam ou caem pelas calçadas. A sujeira se acumula no espaço e nas pessoas. Não há disfarce, mas o seu contrário.
Eu desfilo contrastando com o redor. Nem muito feminina, nem suja, nem cambaleante. As bochechas coloridas pelo blush, os cílios duros. O contraste se torna exagero.
Ali fico dilatada, um exagero. Personagem que contrasta com o meio por onde passa, clichê visual.
Vai ver é isso.
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