segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Religiosidade

Há quem diga que a religiosidade está acabando, eu discordo. As pessoas sempre vão precisar de uma razão pra levantar da cama de manhã, de algo que justifique sua estada na terra, é nato. Sem isso o mundo seria um caos, as pessoas precisam se sentir parte de algo maior.
Sei que as igrejas, centros espíritas, de macumba, etc, andam meio caídos. Mas em compensação os shoppings tão sempre cheios. Há os que gostem de comungar sem sair de casa e pra isso existe a internet, telefone e serviços de entrega.
Alguém pode dizer que sou exagerada, mas posso provar que não. Entre os leitores, quem sai de casa no sábado pra ir à igreja? E quem sai de casa no sábado pra fazer umas comprinhas? Tá bom, concordo que nem todo mundo compra no shopping, às vezes é só um cafézinho, um sorvete, um passeio. Mas nem todo religioso é ortodoxo.
Ainda acha exagero? Hum, você acorda às 7 da manhã pra trabalhar, faz hora extra, mba, pra quê? Pra ir pro céu. Claro que não, é pra poder comprar uma tv de plasma, viajar pro nordeste, pagar o financiamento do ap, ou pelo menos poder passear no shopping sem se sentir constrangido.
Ninguém aponta um ateu na rua hoje em dia, mas se o cara estiver desempregado há mais de 3 meses... tem algo errado com ele. Como ele vai pagar o aluguel, a conta do telefone, da tv a cabo, o plano de saúde? É melhor que ele saia de casa todo dia de manhã pra procurar emprego e volte só a noite, como penitência.
Essa religião, que eu costumo chamar de consumismo, não tem padre nem pastor, mas cada fiel fiscaliza o próximo de rabo de olho. É até mais eficiente que as antigas igrejas. E todos podem ser conselheiros, basta querer, soube de uma promoção incrível? É sua obrigação transmitir a informação ao próximo.
Claro que existem os infiéis, você pode identificá-los nos bazares, brechós, e locais análogos. Andam pela rua indiferentes às vitrines. Consomem, claro, mas não têm o consumo como fim. Assim como o antigo ateu que ia à igreja só em casamentos e batizados, o novo ateu compra o que precisa. Pode ser um livro, a coleção de dvds do almodóvar, uma picanha, uma roupa bacana e barata, mas a finalidade não é consumir, é satisfazer uma outra necessidade.
Já os fiéis mais ortodoxos necessitam comprar, seja lá o que for, se estiver na moda e em promoção, tanto melhor. Se estiver no fim do mês, com o orçamento estourado, vai no crédito mesmo. Se o cartão de crédito estiver estourado também, vale ficar olhando o próximo comprar, planejar as compras futuras... o importante é se sentir parte do todo. O importante é ter objetivos, é ter uma razão pra acordar às 7 da manhã.
Têm algumas igrejas da antiga religião que tentam se adaptar ao novo modo de vida dos fiéis, vendem cds, dvds, bíblias nas mais variadas cores, diferentes tamanhos de terreno no céu, etc, mas seus dias de êxito estão contados. Mais dia menos dia os fiéis vão perceber que estão por fora, que o mundo lá fora oferece mais opções. Mais dia menos dia vão aderir ao consumismo.
O consumo, sem dúvida é o novo deus e o mercado a nova igreja. O consumo tem mais seguidores que cristo.
Alguém duvida?

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