quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

o fim das coisas

quero saber onde está o fim das coisas, sem erro. quero saber hoje, ver no horário marcado, quero saber antes mesmo de conhecer a coisa.
não sei existir por mais de 2 horas seguidas. a cada par de horas algo morre e nasce, nunca se sabe o que será da próxima vez. os travesseiros permanecem no mesmo lugar, mas algo mudou. se eu soubesse onde está o fim das coisas, corria lá pra ver e entender alguma coisa antes que acabasse. algocoisafim é o que me apavora enquanto conto os minutos e fumo mais um.
observo as curvas, olhos embaçados de tanta amplidão, tento transformá-las em retas minúsculas sincronizadas. combinação segredo progressão sentido lei. levanto e crio a ordem das coisas que estão nas minhas mãos, é pouco. não há ordem perto do fim e do começo, nem mesmo dentro do quarto.
se eu abrisse a porta e os cães entrassem e dançassem com os pés sujos sobre o lençol. não saberia das coisasfim, mas elas não existiriam mais, pela sua própria incapacidade de se organizar e se ajustar ao tempo. se os cães sambassem corredor afora levariam as coisas com eles, e o que restaria?
abro e fecho a porta várias vezes para ver se algo acontece, os olhos estão inchados de tanto olhar o que ainda não se vê. abro e fecho os olhos e sei que algo chegou ao fim, ou vai chegar. cheiro de grama pisada. um vinco racha minha testa, olhando no espelho sei que ele nunca mais vai sair dali. é o fim de alguma coisa e o começo de outra, nunca se sabe bem quando nem o quê.

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