segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

dia primeiro

- Nunca vamos poder casar na igreja.
Ela estranhou um pouco a fala, mas nem tanto, já tinha ouvido piores.
- Porquê?
- Não temos nenhuma religião, nem acreditamos em deus. Não faz sentido a gente casar na igreja.
- É verdade. Tava pensando em casamento?
- Tava pensando em várias coisas, deus e tal... e percebi que não podemos casar na igreja.
Os fogos ainda explodiam e ela pensava em quantas vezes já tinha dito o que pensava sobre cerimônias de casamento. Achava um absurdo assinar qualquer tipo de documento, fazer qualquer tipo de juramento diante de juiz ou padre, convocar testemunhas, etc. Achava que o casamento só era possível como combinado entre os dois. Há alguns meses ela havia explicado tudo que pensava sobre o assunto. Tinha certeza de que havia falado tudo. Porque ele não ouviu? Talvez pensasse que era desculpa para evitar um compromisso maior. Maior? Como poderia se comprometer ainda mais? Achava que ele tinha começado com a história de casamento oficial para disfarçar todas as cagadas que tinham acontecido no casamento real deles. Como se até o momento tudo tivesse sido brincadeirinha. Mais uma razão pra ela não cair nessa cilada de casamento com padre e juiz. Não ia admitir essa saída. Lá estava ela no primeiro dia do ano pensando nas mesmas coisas...
- Você viu que essa árvore parece um gato?
Ele concordou, mas achava mais parecida com uma coruja.

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