domingo, 10 de agosto de 2008

10 minutinhos de oração.

A campainha tocou de repente, quem será? O coração acelera sempre que acontece uma surpresa. Abriu. Três senhoras de coque e saias compridas, reconheceu uma delas, a vizinha do 63. Momento de silêncio em que se pensa em muitas coisas ao mesmo tempo. Uma delas se adiantou, não foi a vizinha - viemos convidá-lo para um momento de oração - pausa - são uns dez minutos... Não, obrigado.
- Sua mulher está?
- Está.
- Ela não gostaria?
- Mor?
- Não, obrigada.
- Então, licença. Obrigada.
Se olharam, que história é essa de oração? Um quase enfarte por causa de oração? Que negócio é esse de tocar a campainha dos outros sem avisar? E porque não convidaram o casal gordinho do 61? Por acaso a gente precisa delas pras nossas orações?
Não, nós não oramos mesmo. Mas se quiséssemos não seria por intermédio da vizinha. Uma mal educada que sequer agradece quando seguramos a porta do elevador... Impossível que ela esteja mais perto de deus do que nós. Tá certo, não acreditamos exatamente em deus. Mas temos uma idéia do que seja divino, e estamos mais perto do que ela. Mas afinal, por que tocou justo a nossa campainha?
Ah, ela ouve a gente transando! Só pode ser. Ou quer entender porque não aceitamos participar da terapia do amor. Ou entender porque continuamos segurando a porta do elevador pra ela, que nunca agradeceu. Ou quer conhecer nossa vida... sei lá.

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